Neste 6 de junho, Dia Mundial do Transplantado, o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) celebra vidas que renasceram por meio da doação de órgãos. Entre essas histórias está a de Jaíne Carneiro da Silva, de 15 anos, uma jovem do Mato Grosso cuja trajetória é marcada por força, fé e superação.
Natural de Mato Grosso, Jaíne enfrentou desde muito cedo os impactos de uma malformação congênita do trato urinário, que incluía agenesia do rim direito (ela nasceu sem o rim direito) e ureterohidronefrose no rim esquerdo (o que significa que o rim ficou inchado e comprometido por causa de uma dificuldade na saída da urina).
A condição exigiu o início da diálise em janeiro de 2021, quando ela tinha apenas 11 anos. Três vezes por semana, Jaíne e sua mãe, Patrícia, percorriam cerca de 680 km por sessão de tratamento (ida e volta) — uma rotina desgastante que durou mais de dois anos.
Em agosto de 2023, Jaíne foi incluída na lista de espera por um rim. Em maio de 2025, veio a tão esperada ligação. Após quase dois anos na fila, Jaíne recebeu a notícia de que um órgão compatível estava disponível e o transplante foi realizado no ICTDF com sucesso.
“A gente nunca perdeu a esperança. Foi difícil, cansativo, mas a Jaíne sempre foi muito forte. Sabíamos que o transplante era a única chance de ela ter uma vida mais leve e, com a graça de Deus, hoje posso dar testemunho do milagre que a vida dela é”, destaca a mãe emocionada.
Hoje, Jaíne é símbolo da importância da doação de órgãos e do trabalho em rede que envolve pacientes, famílias, profissionais da saúde e toda a estrutura do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Seu sorriso tímido e sua vontade de voltar à escola e viver a adolescência como qualquer menina da sua idade representam o verdadeiro significado desta data.
“Cada transplante é uma nova chance. E a história da Jaíne mostra o quanto a solidariedade de um doador pode mudar o destino de alguém. Celebrar o Dia Mundial do Transplantado é, antes de tudo, celebrar a vida”, afirma Marcus Costa, interventor do ICTDF.
Transplantes no Brasil e no Distrito Federal
O caso de Jaíne representa o desafio diário enfrentado por milhares de pacientes renais no país. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), foram realizados 6.054 transplantes renais no Brasil em 2024, sendo o maior número entre os órgãos sólidos. Apesar do avanço, ainda há quase 40 mil pessoas na fila de espera por um órgão.
O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo, com mais de 85% dos procedimentos realizados por meio do SUS. Em 2024, o país alcançou um recorde histórico, com mais de 30 mil transplantes de órgãos e tecidos, representando um aumento de 18% em relação a 2022.
No entanto, o número de doadores efetivos apresentou uma leve queda, passando de 4.129 em 2023 para 4.086 em 2024. Além disso, apenas 55% das famílias entrevistadas autorizaram a doação de órgãos de seus entes queridos — um dado que reforça a necessidade contínua de campanhas de conscientização.
Atualmente, cerca de 78 mil pessoas aguardam por doação de órgãos e tecidos no Brasil, sendo as maiores demandas para rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387).
Nesse cenário, o ICTDF se destaca como uma referência nacional, especialmente nos transplantes de coração, fígado, rim, córnea e medula óssea. Desde 2009, o Instituto já realizou 2.782 transplantes, e o Distrito Federal figura entre as unidades federativas com maior número de transplantes de coração e fígado por milhão de habitantes no país.
"A atuação do ICTDF é reflexo de um compromisso contínuo com a vida. No Dia Mundial do Transplantado, o Instituto reforça a importância de conversar com a família sobre o desejo de ser doador. Um “sim” pode transformar dores em esperança. A doação de órgãos é um gesto de amor que ultrapassa a dor e pode salvar muitas vidas", conclui Marcus.