O Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) realizou, na manhã desta quinta-feira, 25, a décima edição do Celebrando a Vida, evento alusivo ao Dia Mundial da Doação de Órgãos. A cerimônia reuniu emoção, homenagens e histórias que reforçam o valor da solidariedade e da ciência na renovação de vidas.
Homenagens e histórias inspiradoras
O tributo central foi dedicado aos pacientes pediátricos transplantados, que simbolizam, em sua coragem e vitalidade, a esperança que nasce a cada doação. Entre os momentos mais comoventes, esteve a entrega de um reconhecimento à Karen Pereira, mãe da pequena Marcela Pires, primeira paciente pediátrica transplantada do ICTDF, em 2009. Marcela faleceu há alguns anos, mas permanece viva na memória do Instituto, que batizou com seu nome as bonequinhas símbolo do programa de transplantes.
Também foram homenageados os médicos Jorge e Cristina Afiune, referências na cardiologia pediátrica, e a enfermeira Jamila Flor, representando a equipe multidisciplinar do ICTDF. A programação contou com momentos de fé, conduzidos pelo pastor Jacó Borges e pelo padre Jacques Douglas, ambos pacientes transplantados, e apresentações musicais que emocionaram o público: os músicos Jânio Lima e Naelton Rodrigues entoaram louvores, enquanto a cirurgiã-dentista Larissa apresentou um número em a cappella.
As histórias dos pacientes reforçaram o impacto da doação. Nicollas Pereira declarou seu amor e confiança pela equipe que o atende, enquanto Thayene dos Santos, transplantada aos seis anos e hoje professora da rede pública do DF, contou como o transplante lhe devolveu a oportunidade de sonhar e afirmou que “todos os pacientes podem ser o que quiserem”.
Compromisso com a vida
As falas institucionais destacaram a dimensão social e coletiva da doação. O representante da Secretaria de Saúde, Lucimir Henrique Pessoa Maia, afirmou que “quando um paciente transplantado recebe a oportunidade de uma nova vida, todos nós também ganhamos uma nova perspectiva”. Para ele, cabe ao poder público contribuir de forma efetiva, garantindo oportunidades, apoiando famílias e estimulando a sociedade a se despir de preconceitos sobre a doação de órgãos.
O presidente do Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTx), Robério Melo, reforçou que a manutenção do trabalho do ICTDF depende da união de esforços.
“Estamos imbuídos desse espírito de solidariedade. Nossa missão é ajudar a manter e fortalecer o trabalho que o Instituto realiza, sempre com foco em transformar histórias e oferecer novas chances de vida”, destacou.
O interventor Marcus Costa resumiu o sentimento da celebração em uma palavra: “gratidão”. Ele lembrou que diariamente há pacientes aguardando na fila de transplantes, realidade que exige dedicação constante da instituição e da equipe.
“Sabemos que o caminho é difícil, mas seguimos firmes, conduzindo cada caso com maestria. Todo dia deve ser dia da doação, porque cada sim pode significar um recomeço”, afirmou. Marcus também destacou o papel do SUS, responsável por 85% dos atendimentos do ICTDF, lembrando que “o mesmo leito e o mesmo médico que atendem o paciente do SUS também acolhem aquele que vem do convênio, reafirmando a universalidade da saúde pública”, pontuou.
Entre os presentes estiveram o deputado distrital Jorge Vianna; a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), Lívia Pansera; a diretora do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem no Distrito Federal (Sindate-DF), Josy Jacob; os representantes da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), Gustavo Glotz e Leandro Santos; além de colaboradores, familiares e parceiros do Instituto.
O evento foi encerrado com um lanche oferecido pela EMS, em clima de confraternização. Mais do que uma celebração, o Celebrando a Vida reafirmou o papel do ICTDF como referência em transplantes e mostrou que a doação é um ato de amor que ultrapassa fronteiras e renova a esperança.
Transformando destinos
Em 16 anos de trajetória, o ICTDF acumulou momentos marcantes. O primeiro transplante pediátrico foi realizado em 21 de dezembro de 2009, na pequena Marcela Pereira Pires, de apenas um ano. Desde então, o Instituto já realizou 15 transplantes de córnea em jovens de 15 e 16 anos, 40 transplantes renais em adolescentes de 12 a 16 anos, 12 transplantes de fígado em pacientes de 11 a 16 anos, 10 transplantes de medula óssea em crianças entre 7 e 13 anos e 55 transplantes cardíacos pediátricos, simbolizando a missão que deu origem ao ICTDF e continuando a salvar vidas com dedicação, ciência e humanidade.
“Cada número representa não apenas avanços médicos e técnicos, mas vidas renovadas e famílias que tiveram a chance de recomeçar. E falar sobre isso é também uma homenagem às famílias e cuidadores, que caminham lado a lado em cada etapa da jornada, oferecendo força e acolhimento. Celebrar a vida é, acima de tudo, reconhecer que a doação é um ato de amor que transcende barreiras e semeia futuro”, declarou a supervisora de Transplantes do ICTDF, Carolina Couto.