Transparência
Dos pampas ao cerrado

Dos pampas ao cerrado

Doze dias após realizar o primeiro transplante de medula óssea NÃO aparentado do DF, equipe da Unidade Pietro Albuquerque no ICDF se prepara para realizar o segundo procedimento deste tipo.

A paciente é Gisiane Damaris Sievers portadora de leucemia mielóide Aguda, que está em tratamento desde Fevereiro de 2013. A jovem de 32 anos é natural de Santa Maria-RS e em janeiro deste ano começou a ser acompanhada na Unidade de Transplantes do ICDF. Na tarde desta terça-feira (02/06/15) ela foi submetida à infusão da nova medula óssea doada por um anônimo cadastrado no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) que também é natural do estado do Rio Grande do Sul. O caso da paciente inspira muitos cuidados e sua esperança de cura está no transplante de medula. Ela segue internada em isolamento sem previsão de alta até recuperar-se.

O secretário da Saúde do Estado do RS, João Gabbardo dos Reis, saudou a realização do procedimento informando que a parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto da Capital Federal permite que pacientes gaúchos realizem transplante, quando há indisponibilidade de leitos no estado, naquele serviço especializado.

Atualmente, a Unidade de Transplantes de Medula Óssea Pietro Albuquerque realiza os três tipos de TMO (Autólogo: As células infundidas são coletadas do próprio paciente; Alogênico Aparentado: As células infundidas são coletadas de um familiar compatível ‘sistema HLA'- e Alôgênico NÃO aparentado: As células infundidas são coletadas de um doador anônimo compatível cadastrado no REDOME).

Há expectativa é que aumente o número de transplantes realizados, em virtude da carência de leitos de TMO no país, principalmente por causa do custo elevado de todos os equipamentos e profissionais que exige esse tipo de procedimento de alta complexidade, além de outras especificações complexas que essa habilitação exige.

Processo do TMO- Transplante de Medula Óssea

1.   O paciente é submetido a um tratamento (quimioterapia e/ou radioterapia), chamado condicionamento, que ataca as células doentes, porém destrói a própria medula;

2.   O paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue (bolsa contendo as células-troncos);

3.   A nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e irão migrar até medula óssea, onde se alojarão e irão se desenvolver. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento total.

4.   Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial.

  Principais riscos

A boa evolução durante o transplante depende de vários fatores: o estágio da doença (diagnóstico precoce), o estado geral do paciente, boas condições nutricionais e clínicas, além, é claro, do doador ideal. Os principais riscos se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento. Com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova 'memória' e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns órgãos do indivíduo como estranhos. Esta complicação, chamada de doença enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados. No transplante de medula, a rejeição é relativamente rara, mas pode acontecer. Por isso, existe a preocupação com a seleção do doador adequado e o preparo do paciente. Quanto mais compatível for o doador, menor a chance de doença do enxerto contra hospedeiro e também menor a chance de rejeição da medula transplantada.

O que é o Redome

Para reunir as informações (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas) de pessoas que se voluntariam a doar medula para pacientes que precisam do transplante foi criado o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), instalado no INCA. Um sistema informatizado cruza as informações genéticas dos doadores voluntários cadastrados no REDOME com as dos pacientes que precisam do transplante. Quando é verificada compatibilidade, a pessoa é convocada para efetivar a doação.

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