No último dia 20 de setembro foi celebrado o Dia Nacional do Doador de Medula Óssea, data que chama a atenção para a relevância desse ato de solidariedade capaz de significar a cura para pacientes com doenças graves, como leucemias e linfomas.
O transplante de medula óssea é muitas vezes a única alternativa de tratamento. Embora a compatibilidade seja um fator decisivo, os avanços médicos têm ampliado as possibilidades de doação, garantindo mais chances de pacientes encontrarem doadores adequados.
A importância do transplante
O médico hematologista do ICTDF, André Domingues, destaca que o transplante pode ser a cura para diversas doenças.
“Entre as principais estão a leucemia mieloide aguda, a leucemia linfoide aguda e vários tipos de linfoma”.
Ele explica que, ao contrário do que muitos imaginam, a dificuldade de encontrar doadores vem sendo reduzida com a ampliação das alternativas:
“A imensa maioria dos pacientes tem doador compatível, seja entre familiares totalmente compatíveis, doadores haploidênticos ou doadores cadastrados em banco de medula óssea”, destaca.
Sobre os receios em torno do procedimento, Domingues é enfático.
“A doação pode trazer alguns desconfortos, mas nada muito relevante, e é extremamente segura. Não deixa nenhum tipo de sequela para o doador”, afirma o especialista.
Uma vida transformada pela doação
Wallison Ramon Nascimento Sousa, que completou seis anos de transplante, compartilha a sua experiência e reforça o impacto da doação.
“Após oito sessões de quimioterapia, a doença persistia. A sensação foi de frustração, mas os médicos tratavam o transplante como uma retomada. Com o passar dos dias, parte da insegurança foi tomada pela esperança de que tudo iria passar de forma definitiva”, relembrou.
Ao descobrir que seu irmão era compatível, ainda que em 50%, ele afirma que a notícia trouxe alívio.
“Me mantive aliviado e feliz por essa definição e etapa vencida. Hoje só estou aqui por causa do transplante. Ele me deu a chance de ter vida, de realizar meus sonhos e de permanecer próximo de quem amo”, contou.
Para Wallison, a doação vai muito além do procedimento médico.
“Doar medula óssea é oferecer a oportunidade de salvar vidas, realizar sonhos e unir famílias. É um gesto muito mais simples do que se imagina, mas que pode representar um recomeço para alguém. Cada doador pode ser o herói na vida de outra pessoa”.
Ele também deixa uma mensagem de incentivo para quem ainda tem dúvida:
“É importante entender que a maioria dos doadores cadastrados nunca será chamada. Mas, mesmo quando isso acontece, o processo é seguro e transformador. O doador tem a chance de possibilitar a cura de um paciente, e muitos descrevem essa experiência como algo que muda a maneira de enxergar o mundo”, acentua.
Compromisso institucional
O interventor do ICTDF, Marcus Costa, reforça o papel do Instituto no estímulo à conscientização.
“A doação de medula óssea é um gesto que representa esperança, solidariedade e vida. Para nós, do ICTDF, é motivo de orgulho dar visibilidade a histórias como a do Wallison e ao trabalho dos nossos especialistas. Cada doação representa a possibilidade de um futuro renovado para pacientes e suas famílias”, destaca Marcus.
Até hoje, o ICTDF já realizou 820 transplantes de medula óssea entre autólogos e alogênicos aparentado e não aparentado, reforçando a importância desse gesto solidário na transformação da vida de inúmeros pacientes.
Tipos de transplante de medula óssea
Existem diferentes modalidades de transplante de medula óssea, cada uma adequada a necessidades específicas dos pacientes:
• Autólogo: quando o próprio paciente doa suas células-tronco, que são armazenadas e reinfundidas após o tratamento. Essa modalidade é usada, principalmente, em certos tipos de leucemia, linfomas e mieloma múltiplo.
• Alogênico aparentado: quando a doação vem de um familiar compatível, geralmente irmãos. O doador precisa ter compatibilidade imunológica, o que aumenta a chance de sucesso do transplante e reduz riscos de rejeição.
• Alogênico não aparentado: quando a doação é realizada por um voluntário cadastrado em banco de medula óssea, sem vínculo familiar. Essa modalidade é essencial para pacientes que não possuem familiares compatíveis.
Informações importantes
• O procedimento de doação é seguro e pouco invasivo; desconfortos existem, mas são temporários.
• A compatibilidade é determinada por exames genéticos específicos (HLA), fundamentais para o sucesso do transplante.
• O transplante de medula óssea pode ser a única alternativa curativa para doenças graves como leucemias, linfomas e aplasia de medula.
• Cada doação tem potencial de salvar vidas e proporcionar uma oportunidade real de cura.