A doação de órgãos é um ato de amor e solidariedade que pode mudar completamente a vida de crianças que precisam de um transplante cardíaco. No Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), a médica cardiologista pediátrica Cristina Afiune e sua equipe trabalham incansavelmente para dar uma segunda chance de vida para essas crianças.
De acordo com Cristina, a doença do miocárdio é a principal causa de insuficiência cardíaca em crianças.
“Essa doença pode ser causada por uma inflamação do coração ou por uma alteração genética que, muitas vezes, não pode ser prevista no pré-natal por ser uma condição herdada de um dos pais que não apresentam a doença”, afirma.
Além disso, as cardiomiopatias restritiva e não compactada também são causas comuns de insuficiência cardíaca em crianças.
A avaliação para determinar se uma criança é candidata a um transplante cardíaco é um processo complexo. Nós avaliamos a classe funcional da criança, ou seja, se ela consegue realizar atividades cotidianas sem apresentar sintomas de insuficiência cardíaca. Também são realizados exames como raio-x, ecocardiograma, teste ergoespirométrico e exame de sangue para avaliar a função cardíaca
Dra. Cristina Afiune
Desafios na faixa etária
Com um órgão saudável, a criança pode retomar suas atividades cotidianas e viver uma vida plena e saudável. Além disso, a doação também pode dar uma sensação de conforto e paz para as famílias que perderam um ente querido por saberem que a vida da criança que se foi, continuará de outra forma”, destaca a médica que continua acompanhando a pequena Valentina (foto ao lado) após seu transplante cardíaco realizado em 2023.No ICTDF, foram realizados 53 transplantes cardíacos em crianças com idades entre 0 e 18 anos, desde 2009. No entanto, a doação de órgãos enfrenta desafios expressivos e uma das principais razões é a falta de doadores na faixa etária pediátrica.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 45% das famílias brasileiras recusam a doação de órgãos. No Distrito Federal, a taxa de recusa é ainda mais alta, chegando a 63%.
“Isso ocorre porque as crianças são mais protegidas de sofrer acidentes, o que reduz a disponibilidade de órgãos para doação. Além disso, a preocupação da família com a desfiguração da criança no caso de cortes para doação de órgãos também é um obstáculo”, destaca a médica.
Para mudar esse cenário, é fundamental mudar a percepção das pessoas sobre a doação de órgãos.
“Campanhas de conscientização e educação são essenciais para mudar a percepção das pessoas sobre a doação de órgãos”, comenta Cristina destacando que a doação de órgãos pode dar uma nova perspectiva para as crianças que precisam de um transplante.
“Com um órgão saudável, a criança pode retomar suas atividades cotidianas e viver uma vida plena e saudável. Além disso, a doação também pode dar uma sensação de conforto e paz para as famílias que perderam um ente querido por saberem que a vida da criança que se foi, continuará de outra forma”, destaca a médica que continua acompanhando a pequena Valentina (foto ao lado) após seu transplante cardíaco realizado em 2023."
O superintendente do ICTDF, Marcus Costa, também lembra a importância da doação de órgãos.
“A doação de órgãos é um gesto de generosidade que pode mudar a vida de muitas famílias. É fundamental que as pessoas sejam conscientizadas sobre a importância da doação de órgãos e que sejam apoiadas em sua decisão”, ressalta.
Com a conscientização e a educação, é possível aumentar a disponibilidade de órgãos para transplante e melhorar as chances de vida para as crianças que precisam de um transplante cardíaco.