Transparência
Contribuições do ICTDF fortalecem o Brasil como 2º maior transplantador do mundo

Contribuições do ICTDF fortalecem o Brasil como 2º maior transplantador do mundo

No dia dedicado ao incentivo à doação de órgãos, o Brasil apresenta motivos para comemorar. O país é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e possui o maior programa público de transplantes globalmente, com o Sistema Único de Saúde (SUS) financiando cerca de 95% das operações.

No primeiro semestre de 2024, o Brasil alcançou um recorde impressionante, registrando 14.352 transplantes realizados entre janeiro e junho, superando os 13,9 mil procedimentos do mesmo período em 2023. Além disso, em 2023, a média de doadores efetivos foi de dois a cada 14 doadores possíveis, marcando um recorde histórico.

Somente no primeiro trimestre de 2024, 190 dos 4472 transplantes realizados no Brasil ocorreram no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF)

A enfermeira Carolina Couto, responsável pelo Programa de Transplantes do ICTDF, ressalta que, a partir de 2011, o instituto se habilitou para realizar transplantes de fígado, e, em 2013, para rins, córneas e medula óssea. Atualmente, é o único hospital no DF a realizar transplantes de coração e fígado pelo SUS, atendendo a demandas regionais significativas.

De acordo com dados da ABTO, entre janeiro e dezembro do ano passado, o DF destacou-se com 43,3 transplantes de fígado por milhão de habitantes. Em 2023, foram realizados 121 transplantes de fígado no DF, com 72 deles feitos pelo ICTDF. No transplante cardíaco, o DF também se destacou, com 12,1 transplantes por milhão de habitantes, posicionando-se entre os 3 centros transplantadores que mais realizaram esses procedimentos no Brasil.

Os transplantes de coração no ICTDF, iniciados em 2009, contribuíram para que o hospital se tornasse um dos cinco do país a atingir mais de 400 transplantes cardíacos. A taxa de sobrevida dos pacientes transplantados nos últimos cinco anos permanece em torno de 70%.

Atualmente, segundo dados de setembro de 2024 da Sala de Situação do InfoSaúde, o ICTDF lidera o número de transplantes realizados pelo SUS na Capital Federal, com uma lista de espera de 14 pessoas. Dentre elas, 363 aguardam um rim, 6 esperam por córneas, 42 por um coração e 14 por um fígado.

O 1º interventor do ICTDF, Marcus Costa, destacou o compromisso da instituição em fazer cada vez mais.

“Estamos comprometidos em salvar vidas e melhorar a qualidade do atendimento a todos os nossos pacientes. A doação de órgãos é um ato de solidariedade que pode transformar vidas. Precisamos continuar promovendo a conscientização e o registro de doadores, pois cada doação representa esperança e uma nova chance para aqueles que aguardam por um transplante”, afirmou.

No cenário nacional, o Brasil conta com um total de 64.265 pacientes aguardando transplantes, com a maioria aguardando a doação de um rim. A fila aumentou em relação a setembro de 2023, quando havia um número menor de pacientes na espera 58.908.

 

ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTES

O SNT é o maior programa público de transplantes do mundo, responsável pela regulamentação, financiamento, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no Brasil. Cerca de 88% do custeio é realizado pelo SUS, que atualmente conta com 1.197 serviços distribuídos em 728 estabelecimentos habilitados para a realização de transplantes em todos os estados.

 

COMO FUNCIONA A DOAÇÃO DE ÓRGAÕS

Há dois tipos de transplante: intervivos, menos comum, possível apenas para alguns órgãos, como o rim e tecidos como a medula óssea; e o transplante de doador falecido. Neste segundo caso, o transplante de órgãos somente é considerado quando o doador recebe diagnóstico de morte encefálica, o órgão-alvo da doação mantém-se em funcionamento, o consentimento dos familiares é obtido e, conta-se com o consentimento expresso do receptor.

Tal sistemática foi estabelecida com a publicação da Lei no 9.434/97, posteriormente alterada pelo Decreto no 9.175/2017, o que permitiu a implantação do sistema centralizado de captação e distribuição de órgãos no país. No âmbito do SUS, as informações sobre transplantes de órgãos e tecidos são gerenciadas pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Uma vez constatada a necessidade do transplante, o candidato é inscrito em uma fila de espera única e exclusiva para cada órgão. A principal particularidade dessas listas reside nas especificações de alocação de prioridade dos pacientes, considerando-se não apenas a ordem de ingresso como, também, critérios fundamentados relativos a condições médicas, principalmente relacionadas à compatibilidade e gravidade da doença.

A opção pelo transplante como modalidade terapêutica constitui um tratamento em si, seguro e eficaz, dada a otimização do procedimento cirúrgico, seu acesso gratuito, o advento de medicamentos imunossupressores e a ampliação do entendimento dos mecanismos de rejeição e compatibilidade. Porém, transplante não significa cura do problema de saúde: o receptor permanecerá, por toda a vida, sob os devidos cuidados pós-transplante.

 

QUAIS ÓRGÃOS PODEM SER DOADOS

A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). Outros órgãos como rim, parte do fígado ou da medula óssea podem doados em vida, os demais ocorrem apenas quando há morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória.

Os órgãos doados são destinados a pacientes que aguardam em uma lista única, definida pela Central de Transplantes da secretaria de Saúde de cada estado, controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), coordenado pelo Ministério da Saúde.

 

COMO INFORMAR SOBRE A VONTADE DE DOAR ÓRGÃOS

No Brasil, a doação de órgãos ou tecidos depende da autorização dos parentes dos pacientes, o que enfatiza a necessidade de que se comunique aos familiares o desejo de ser um doador ou doadora. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, cerca de 38,4% das famílias ainda recusam a doação de órgãos.

A resistência está associada principalmente à desinformação sobre a necessidade da doação de ossos, tendões, peles, tecidos e órgãos para garantir a qualidade de vida de outras pessoas, além da falta de compreensão sobre o que é morte encefálica.

  

O QUE É A MORTE ENCEFÁLICA

A morte encefálica é um quadro irreversível de morte das células do sistema nervoso central, que leva à interrupção da circulação sanguínea no cérebro. A condição é confirmada a partir de protocolos de segurança e diagnóstico.

A equipe médica deve informar aos familiares de maneira didática que não há nenhuma chance de o paciente acordar. Nesse momento crucial para a doação de órgãos, deve ser explicado à família como funciona o procedimento de retirada dos órgãos, deixando claro que o corpo do paciente não sofrerá qualquer tipo de alteração perceptível.

A partir da autorização, os órgãos são retirados e tem início o protocolo para os transplantes, que requer agilidade. Após a retirada, eles devem ser implantados nos pacientes o quanto antes.

Segundo o Ministério da Saúde, as principais doenças que levam ao transplante são infarto extenso do miocárdio, hipertensão arterial grave, doença de Chagas, enfisema pulmonar, fibrose pulmonar, cirrose hepática e alcóolica, tumores malignos e diabetes.

Pacientes com morte encefálica podem doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino, córneas, válvulas, músculos, ossos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.

  

QUEM PODE DOAR ÓRGÃOS

A doação de um órgão é um ato espontâneo de amor ao próximo e deve ser totalmente desprovida de qualquer forma de interesse.

O doador pode ser um parente ou não, vivo ou em morte cerebral. A vantagem de o doador ser parente está na melhor sobrevida do paciente e enxerto, uma vez que existe uma semelhança imunológica ou compatibilidade entre o doador e receptor. Existe ainda o grupo de doador vivo não parente, os cônjuges ou amigos, que apresentam resultados melhores que os obtidos com doador em morte cerebral e comparáveis com os relacionados.

O doador vivo, antes de ser aceito, é submetido a um grande número de exames e a um interrogatório detalhado com a finalidade de se comprovar uma perfeita condição física e emocional para que possa ser aceito.

  

REJEIÇÃO

As células do sistema imunológico percorrem cada parte de nosso corpo, procurando e conferindo se há algo diferente do que estão acostumadas a encontrar. Essas células identificam o órgão transplantado como sendo algo diferente e tentam combatê-lo; este processo é chamado de rejeição.

Potencialmente ocorre rejeição em todos os transplantes; no entanto, existem inúmeras variáveis que interferem neste processo. Um exemplo é que quanto maior o grau de compatibilidade entre o doador e o receptor, mais fácil o controle e menor a chance de ocorrer rejeição.

 

ACOMPANHAMENTO PÓS-TRANSPLANTE

Habitualmente, o paciente é tratado com medicamentos específicos para controlar a rejeição e, se mesmo assim ela ocorrer, pode-se aumentar a dose ou trocar o medicamento.

A maioria dos episódios de rejeição é passível de tratamento. Existem situações extremas em que a rejeição pode ser responsável pela perda da função do órgão transplantado, embora essa seja uma complicação pouco frequente.

O sucesso depende de inúmeros fatores como: o tipo de órgão a ser transplantado, causa da doença, condições de saúde do paciente, características do doador e sua compatibilidade com o receptor.

O transplante requer uma grande compreensão por parte dos pacientes, principalmente pela necessidade de acompanhamento médico periódico; por outro lado, oferece uma condição de vida altamente compensadora.

 

Fonte: Ministério da Saúde

 

 

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