Transparência
Paciente do ICDF supera câncer de fígado e relata experiência em livro

Paciente do ICDF supera câncer de fígado e relata experiência em livro

O piauiense Antônio José Guerra venceu muitos desafios na vida. O primeiro deles foi ainda na infância, no município de Curimatá - PI. Guerra lutou contra as dificuldades do sertão do nordestino numa época em que o acesso à educação, à saúde e aos meios de transporte era precário. Ele, contudo, persistiu nos estudos e decidiu se mudar para capital federal. Anos depois, em 1971, se formou em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e passou a atuar profissionalmente. 
 
A trajetória profissional de Guerra não parou por aí. Ele se tornou auditor de contas do Tribunal de Contas do Distrito Federal e ocupou cargos importantes ao longo da sua carreira, como o de secretário de Estado e Planejamento do Piauí e Tocantins, estado este em que vive hoje ao lado da esposa. Depois de trilhar vários caminhos e superar barreiras, ele não imaginava passar por mais uma provação. Em setembro de 2014, Guerra foi diagnosticado com câncer de fígado em um exame de rotina. Havia somente uma saída para ele, o transplante de fígado. 
 
Para relatar sua jornada, Guerra decidiu escrever um livro, intitulado "Eu sou um milagre". Nele, o autor conta como foi a sua batalha contra o câncer, fala do transplante de órgãos no Brasil e da sua superação de vida. Em 2011, ele lançou seu primeiro livro, o "Memórias de mais sobrevivente do sertão". 
 
Qual foi a sua reação quando recebeu o diagnóstico de câncer?
 
No momento que eu recebi a notícia, eu pensei que ia "baquear", mas depois eu encarei com a maior naturalidade. Eu jamais imaginei fazer um transplante, ainda mais de fígado. Eu via o fígado como uma coisa muito complicada, cheia de veias. Eu me lembro que eu levava o fígado das vacas da minha avó pra ela fazer o café da manhã e eu via aquele fígado com tanta veia, algo estranho. Aí eu me lembrei disso imediatamente quando me falaram do transplante. 
 
Quando o senhor soube que precisaria de um transplante, o que passou na sua cabeça?
 
Uma das coisas mais positivas nesse processo foi a minha determinação. Eu não tive depressão. Eu sou evangélico. Acho que as pessoas não devem ter depressão, mas fé em Deus. Desde o início eu firmei a minha fé em Deus. Depois eu fui vendo que aquilo era uma coisa vinda de Deus. Eu acho que isso foi uma bênção no sentido de que isso tudo foi uma "prova" para eu passar, para hoje eu tá aqui contando isso no meu livro e nas igrejas o meu testemunho. A fé em Deus é fundamental.
 
É normal as pessoas terem medo de realizar transplante. Isso aconteceu com o senhor?
 
Não tive medo em nenhum momento. Eu tive ansiedade. O médico me dizia que eu era muito ansioso, que eu ficava querendo que as coisas acontecessem da minha maneira e hoje eu sei que não era assim. Precisava ter calma. Eu ficava ansioso, mas nunca me queixei de Deus por ter me permitido esse sofrimento, nunca reclamei de nada.
 
Como foi a espera pelo órgão que o senhor tanto precisava?
 
Quando eu entrei pra fila de transplantes, eu era o quarto da lista. O médico disse pra eu voltar pra Palmas, porque podia demorar, mas eu resolvi ficar em Brasília porque acreditava que não iria demorar. Dito e feito. Apareceu um doador e o órgão era compatível comigo e não com as outras pessoas que estava na frente. Então de quarto lugar eu passei a ser o primeiro. Isso também foi um milagre. Tinha que ser eu. Isso tudo foi em sete dias depois que eu entrei pra fila.
 
O senhor se lembra do dia em que ocorreu o transplante? Como foi?
 
Sim, me lembro. Eu tava na casa da minha irmã. A bispa da minha igreja me disse assim "você vai chegar em Brasília e quando chegar lá os médicos já vão estar todos preparados para te receber e vai dar tudo certo". Eu lembrava sempre disso, orei muito. Teve um dia à noite que eu estava orando com a minha esposa e tocou o telefone. Era a enfermeira do hospital. Me fez algumas perguntas e depois desligou. Depois ela me ligou de novo pedindo pra eu entrar eu jejum, mas eu já estava de jejum. Eu ria muito com ela. Aí ela me disse que ia fazer o transplante naquele dia. Quando eu desliguei o telefone a bispa me ligou em seguida e eu já dei a notícia em primeira mão. Olha que coincidência. Choramos muito. Foi emocionante, foi uma cena muito agradável e eufórica. Eu tava muito tranquilo. Era como seu eu fosse fazer uma cirurgia no dedo.
 
O título do seu livro afirma que o senhor é um milagre. Como é esse milagre?
 
Aqueles dias pra fim foram de provação. Eu tinha que passar por aquilo. Quais são os milagres que eu considero? O milagre do diagnóstico precoce, porque se tivesse retardado alguns dias os tumores já tinham ultrapassado o limite e não dava pra fazer nada. O segundo milagre foi o da fila, do quarto virar o primeiro e ser operado a tempo. Parece que foi uma providência de Deus mesmo . Parece não, foi mesmo uma providência. O terceiro foi a cirurgia. Foi uma cirurgia "limpa". Não teve transfusão de sangue, nenhum problema, foi tudo normal.
 
Depois dessa experiência, o que mais marcou o senhor nesse processo todo? 
 
Mudou completamente a minha maneira de ver as coisas. Hoje eu não peço nada pra Deus, porque eu acho que na minha contabilidade com ele eu já tenho um débito muito grande. Eu só agradeço. Todos os dias eu agradeço o que ele fez, o que ele tem feito. Eu não canso de agradecer a Deus.
 
Serviço
 
No dia 26 de agosto, ele estará em Brasília, no Tribunal de Contas do DF, para lançar Eu sou um milagre. O lançamento será realizado às 16h e a entrada é franca.
 
 
Soraya Lustosa
DRT 10213/ DF
Assessoria de Comunicação 
Instituto de Cardiologia do Distrito Federal
(61) 3403-5496/5596
facebook/icdf.fuc
twitter: @icdffuc
icdf.org.br 
Compartilhe