Transparência
Criança de seis anos recebe novo coração no ICDF

Criança de seis anos recebe novo coração no ICDF

Na madrugada do dia 27, a equipe de transplante do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) tomou conhecimento de uma possível  oferta do coração de uma criança de dois anos, de Belo Horizonte. 


Momento de dor para uma família, mas esperança para uma outra criança com a possibilidade de uma vida inteira pela frente. Essa nova chance veio para Jean Farias Santos, de 6 anos, paciente com insuficiência cardíaca grave, com alto risco de mortalidade, em lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes, há 61 dias.


Assim, foi realizado no ICDF o segundo transplante cardíaco pediátrico do ano, visto que as doações de órgãos de crianças é mais escassa por vários motivos, entre eles, pela dificuldade de encontrar um órgão compatível (idade e tamanho). 


Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de janeiro a março de 2021, no Brasil, existiam 973 crianças  em lista de espera, na qual, 45 aguardavam por um coração compatível.


O processo de transplante é definido por meio do Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes – RT e não difere pacientes pela idade. Entretanto, existem certas especificidades técnicas a serem respeitadas em alguns tipos de transplante, como no de coração, em que, para o paciente pediátrico de menor idade, a compatibilidade antropométrica (peso e altura) é fundamental. O doador  terá que ser, necessariamente, outra criança do mesmo tamanho, dependendo de estrutura corporal compatível.
Fernado Atik é o  coordenador da Unidade de Transplante do ICDF. O cirurgião foi pessoalmente fazer a captação do órgão em Minas Gerais e o implantou  no menino Jean, que já o aguardava no ICDF. De acordo com ele, foi uma cirurgia complexa e difícil por causa da diferença do tamanho dos órgãos. 


“Por mais que o orgão seja menor, é preciso sempre tentar, pois esse tipo de transplante é muito difícil de acontecer pela dificuldade da oferta de coração pediátrico. O meio médico precisa insistir no transplante porque, muitas vezes, é a única chance de vida de muitas crianças”, disse ele.


A cirurgia de Jean durou cerca de cinco horas, mas todo o processo de captação, transporte e transplante durou, aproximadamente, 15 horas. Foram envolvidas equipes multiprofissionais altamente especializadas e experientes, que travaram uma verdadeira corrida contra o tempo e a favor da vida. 


O ICDF já realizou, até hoje, 40 transplantes cardíacos pediátricos e, atualmente, quatro crianças aguardam em lista. No Distrito Federal, é o único Hospital que realiza transplante cardíaco pediátrico pelo Sistema Único de Saúde, sendo também referência em UTI cardiopediátrica.


“Quando falaram que só uma cirurgia não resolveria o problema do meu filho e que precisaria de transplante, fiquei com muito medo. Mas Deus foi muito bom. Agradeço à família do doador e aos médicos e enfermeiros do ICDF porque sem eles, nada disso seria possível”, disse emocionada Edna Farias, mãe de Jean.

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